segunda-feira, 7 de setembro de 2009

fatos, decepções e bancos de praça

Resolvi bancar a turista.
Depois de meses ignorando os roteiros default para forasteiros em São Paulo, resolvi que tudo bem ir ver a sé, a luz, o masp, sásporra toda.
No fim do roteiro, cheguei a meia dúzia de factos:

1 - Mercado Municipal : overated.
Minha maior decepção so far. Dá a impressão de ser um amontoado de lanchonetes e bancas de lingüiça (com trema, pq eu sou anarquista) dentro de uma feira com frutas muito caras. A experiência vale pelo prédio em si, que é um interessante-quase-bonito (meu tipo preferido de cara, inclusive. inscrições aqui), apesar de ser amarelo. E é só. Sem contar que não é no centro de São Paulo que vc vai poder ficar parado na calçada admirando a arquitetura local. Nem pequi de verdade o lugar tem. Vocês paulistanos me agridem tentando me vender PEQUI EM CONSERVA. Gente, sério. Pequi em conserva, NÃO.
Falando em coisas que me agridem, o que o mercado tem de legal por fora, tem de feio/praticamente opressor em volta. Me odeie pra sempre, mas eu estaria mentindo se descrevesse o que senti no caminho da estação são bento até o mercado (passando pela esquina da 25, côdilôco) sem usar a palavra ojeriza.
O que me leva ao segundo fato:

2 - Não há glamour nenhum no centro de São Paulo.
Alguma coisa acontece no meu coração. Acho que tô infartando.
Não importa quantos milhões de litros de suvinil se passe nas fachadas do centro: ele vai continuar sujo, abarrotado e cheirando mal. Feio não. Feio não é. Pelo menos não se você só olhar pra cima. Ok, tem uma certa feiúra... mas se certas feiúras não me agradassem, eu já teria feito plástica no nariz faz tempo.

3 - Mendigos paulistanos me dão sensação de deja vu
Ou pelo menos esse, que eu sempre vejo em santo fucking amaro, que tá sempre lendo apostilas velhas de informática. Juro pela zaga do Itumbiara que eu já vi esse sujeito em uns três pontos diferentes da cidade, todos eles bem longes de santo fucking amaro. Sempre sentado na calçada, sempre rodeado por pertences bem diferentes que os da aparição anterior (numa delas um cachorro horrendo, provavelmente o único cachorro horrendo do mundo) e sempre com a barba encardida. Na Rua da Cantareira (incrívelmente deserta pros padrões centrísticos) ele tava com um olhar especialmente perdido. Deu vontade de sentar e perguntar o que afligia, de onde veio e pra onde vai o grade oráculo do windows 95. É claro que eu, filha de militar criada em bairro residencial, não sentei pra falar com ele. E eu assumo que foi por medo do que ele tinha pra me dizer.

4 - Paulistano não gosta de gente
Não, eu não vou dizer pela enésima vez que as pessoas aqui precisam de modos e coisa e tal, até porque, eu ainda vou acabar apanhando por causa disso. O tema de hoje é a incrível aversão que o homo paulistanus tem ao homo sapiens. Experimente sentar do lado de uma pessoa num banco de praça (ok, aqui quase não tem praça. tente um parque com bancos, como o da Luz, por exemplo): Você verá toda a ordem mundial ser perturbada, como se sentar ali pra arejar as idéias fosse um direito pessoal e intransferível de quem chegou primeiro. Vale a pena sentar do lado das pessoas nos pontos de ônibus, só pra fotografar a sensacional cara de MAS QUE ABSURDO que elas costumam fazer. Até faz algum sentido, visto que aqui tem gente que enfia o carro no engarrafamento só pra poder ficar sozinho lá dentro (e ter uma desculpa pra reclamar de stress depois. ráááá, não me aguentei.)

5 - O acervo do Masp é realmente bom
O mesmo raramente pode ser dito sobre as exposições que costumam rolar por lá. Semana passada fui ver a de um chinês que tem uma fixação estranha por um tom bem específico de tinta vermelha e saí de lá me sentindo enganada pelo mundinho cult. Ninguém nunca vai me convencer de três coisas nessa vida: 1)química orgânica é fácil, 2)coca cola zero é igual à normal, 3)borrões vermelhos são arte.

6 - A quantidade de adolescentes nessa cidade é assustadora
Estourou um cano de teenagers nesse lugar. E eles são descolados demais pra mim. É muita coolzice pra uma menina da roça agüentar. Ok, eu não sou mais uma menina. Antes dos 25 eu me acostumo com a idéia. A tempo de parar de usar esmalte azul.

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