domingo, 11 de abril de 2010

04, 137, 18, 2012

Você sabe que o mundo tá pra acabar quando em abril, na terra do césio, fazem dezoito graus.
Chegando em Césio City, a cidade que brilha no escuro (e que tem estrelas no céu, ao contrário de São Paulo), a unica coisa que me deixou mais bege que o preço do táxi em bandeira 1 (que consegue ser mais caro que bandeira dois em são paulo) foi eu ter passado incríveis 20 minutos ainda com o casaco quando desci na terra do arroizcumgueróba.
Uma coisa que o retorno ao lar me mostrou, é que um ano fora desregulou meu termostato e a minha noção de frio mudou bastante.
A noção de distância continua intacta, grata. Eu ainda acho que qualquer lugar onde você leva mais de 15 minutos pra chegar é longe.
Outra coisa que eu percebi aqui é que um ano é tempo suficiente pra uma criança passar de suportável-quase-fofa a demoníaca, um abraço pro meu sobrinho.
Ainda tenho mais 17 dias aqui, veremos.

oi, rs

O que fode a minha vida no Rio Grande do Sul, é que na hora que eu coloco o pé no salgadão, eu sei que eu vou preferir a morte a voltar lá pra ir embora.
Mesmo sabendo que eu ia querer ficar pra sempre, eu comprei passagem de ida e volta, pq nem em final de novela a vida é boa, visto que todo mundo acaba casando e parindo.
Eu juro que não sei quem enfiou na cabeça do resto do Brasil que o gaúcho é blasè, sei que é lenda e que em seis dias de RS, eu recebi todo o mimo que uma pessoa jamais vai receber em São Paulo (em Goiás talvez receba, mas não na casa da minha vó, que fique bem claro).
O melhor de viajar sem planejamento nenhum, é que você fica a mercê do acaso, da lei de murphy, da Flávia Freire, das liquidações de sapatos (novo hamburgo amor eterno s2) e de toda a sorte de coisas que nunca passou pela sua cabeça fazer e que na hora vc acaba fazendo pura e simplesmente pq deu vontade.
Ok, teve coisa que deu vontade de fazer mas eu não fiz, vide rolar na grama das ladeiras da azenha, mas só pq eu passei da idade e pq capim não combina com a cor do meu cabelo.
Vontade de ficar pra sempre, quem curte?

notas gastronômicas

- A comida mexicana no Rio Grande do Sul é, em geral, muito ruim. Por outro lado, qualquer outra coisa que vc colocar no prato, incluindo massa com milho de anteontem, vai ser fantástico, sensacional, foda, qualidade de vida nível comercial de margarina.
- Por falar em comercial de margarina, o pão de comercial de margarina existe, é aparentemente fácil de fazer e a receita é gaúcha, of course.
- Você descobre que propaganda é a alma do negócio quando percebe que as pizzas em Goiânia são muito melhores que as de São Paulo.
- G-zuz queira que a Maria tenha jogado fora as laranjas e as batatas que eu esqueci na geladeira.
- Frutos do mar sempre me deixam feliz. Ostras not included.
- AEAEAEAEAEA PAMONHA AEAEAEAEAEAEEAEA MUITA PAMONHA AEAEAEAEAEAEA UM MILHÃO DE PAMONHAS AEAEAEAEAEAE. Obrigada Césio City pela graça alcançada.
- A comida da minha mãe não é grandes bosta, mas eu senti falta.
- A comida da minha vó é ainda menos bosta, mas ela fez meus amados bolinhos com queijo que ela não faz pra mais ninguém. EPIC WIN.
- Na casa da minha mãe os doritos são menos gostosos.
- Vou tentar semana que vem fazer coxinhas paulistas com recheio goiano. E vc achando que era a colisão de prótons que ia acabar com o mundo...

the dog days are over

pelo menos por trinta dias: tou de férias.
agora é hora de passar pelos lugares que moram no coração pra decidir de uma vez por todas onde vai morar o corpo.

Pancadaum nervozo as popozuda perde a linha

Aventura, adrenalina, emoção, terror, suspense e cheiro de figado cru.
Depois de uns dez meses de investidas semanais ferozes, resolvi finalmente topar sair com o pessoal do trabalho.
Obviamente, uma empreitada desse nível exige planejament... not. Esse é o tipo de coisa que você só faz sem pensar, principalmente se você levar em consideração o fato de que o lugar pra onde eu fui tinha polícia na porta antes mesmo de começarem os trabalhos da buatchi. E numas de "vamo lááááá, porra", "vamo", eu comecei aquela que foi a noite mais TENSA da minha vida. Aliás, se a vida fosse o twitter, #tenso seria a tag da vez.
Chegando na cohab, digo, na buatchi, minhas avantajadas narinas foram tomadas por um aroma muito familiar: ovo frito. Tudo bem cheirar a ovo, acho inovação fazer x-tudo na balada. Logo na entrada do estabelecimento, um dilema: a pista de funk/axé ou a pista de sertanejo/calypso? Optamos pelos ritmos mais sensuais e já na pista comecei a ter dificuldades de locomoção: a cada 0,3 metros eu precisava desviar de um "e aí, morena, vem cá que eu quero te conhecer". Aí veio o pessoal fazendo coreografia, o cara de 1,55m que entre uma mão no joelho e uma mão pracimaenbatepalmaqueeuquerover achava tempo pra olhar pra minha bunda sem muito pudor (eu realmente não sei porque, visto que a minha bunda era a unica que não tava balançando) e eu aposto que a minha cara de pânico devia tá muito melhor de ver que o meu traseiro imóvel.
Depois de três horas tentando chegar na outra pista, que tava um ambiente mais familiar, eu descobri que bandas de axé podem ser muito versáteis e que as pessoas podem ser muito feias. Feias mesmo. Feias de verdade. Feias de dar vontade de arrancar os olhos pra não ver. Feias de dar vontade de pagar um doutor roliúde. Tá, parei. Enfim, as pessoas eram muito feias e a pista de danças a dois não era um lugar com muita qualidade de vida, então voltamos à pista anterior e tava tocando funk proibidão se é que todo funk não se encaixa nessa categoria. Àquela altura do campeonato, a pista já tinha UM CHEIRO BEM FORTE DE FÍGADO CRU. Sabe, fígado, aquele que a sua mãe dizia pra você comer, pra evitar anemia? Bom, eu tive anemia das brabas e sempre estive abaixo que os pediatras consideravam saudável, o que quer dizer que cheiro de fígado eu conheço e aquela pista tinha o mesmo cheiro que o fígado que a minha mãe fazia, segundos antes dele ir pra frigideira. Todos os meus sentidos foram agredidos ali: além do olfato, do tato (esbarrar nas pessoas suadas não é o tipo de coisa que eu goste de fazer), do paladar (a única cerveja gelada era uma itaipava de seis reais) e da audição (pq, vejam bem, tava tocando funk proibidão nívelnãotrabalhamos), meus olhos foram castigados com uma avalanche de bundas subindo e descendo e quando eu achei que tudo bem, já era hora de enfiar um garfo nos olhos, eis que foi hora das mocinhas subirem no palco pra AMASSAR LATINHAS DANÇANDO FUNK. COM A BUNDA. Convenhamos que é uma modalidade de reciclagem bem peculiar, inaugurando a era do Baile Verde, o Funk ecológico, as cachorras amigas da natureza. Todo mundo indo até o chão e só eu lá, no meio, em pé, estática, com uma expressão de terror absoluto no rosto e temendo pela minha vida. Juro que não sei quanto tempo levou pra alguém ficar com pena de mim e decidir chamar todo mundo pra ir embora, sei que aquele foi Top 10 momentos mais felizes da vida.
Valeu pela experiência antropológica, eu acho.